terça-feira, 8 de maio de 2012

Objetos de Poder: Talismãs e Instrumentos Mágicos Celtas

Cálices, caldeirões, espadas, lanças, varinhas, cajados, jóias, mantos, pedras... Os objetos sagrados da mitologia celta são muitos e seu poder, inesgotável. Objetos capazes de garantir a proteção, a abundância ou a sabedoria para quem os possuísse. Objetos encantados por Druidas, abençoados por Deuses e destinados a heróis. Alguns dos mais famosos objetos mágicos da tradição celta são os 4 Tesouros da Irlanda e os Tesouros da Ilha da Bretanha.<
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Os Quatro Tesouros da Irlanda

Os Quatro Tesouros da Irlanda eram objetos mágicos que foram trazidos para a Irlanda pelos Deuses Tuatha Dé Danann - “a tribo de Dana”. De suas viagens às 4 cidades do norte da Europa aonde foram para aprender magia, os Tuatha Dé trouxeram: - Lia Fail ou Cloch na Fail (“Pedra do Destino”). Feita pelo druida Fessus e trazida da cidade de Falias, essa pedra gritava de alegria se um verdadeiro rei da Irlanda pusesse seus pés sobre ela. Também era capaz de rejuvenescer o rei; - a Espada de Nuada, forjada pelo druida Uscias na cidade de Findias. Uma vez desembainhada, a espada nunca errava o alvo, e a pessoa atingida não sobrevivia ao golpe; - a Lança de Lugh, obra do druida Esras, da cidade de Findias. Garantia a vitória a quem a possuísse, e não precisava sequer ser empunhada; com a aproximação de uma batalha, gritava para ser solta e então nunca errava o alvo, e nunca se cansava de matar; - o Caldeirão do Dagda, feito em Murias pelo druida Semias. Tinha o poder da fartura, e podia satisfazer o apetite de qualquer pessoa que fosse considerado digno.

Os Tesouros da Ilha da Bretanha

Entre os Tesouros da Ilha da Bretanha guardados por Merlin estão: - Dyrnwyn, ou “Punho-branco”, a Espada de Rydderch, o Generoso – quando empunhada por um homem nobre ou digno, a espada ardia do cabo até a ponta. - o Chifre de Beber de Bran do Norte, que podia servir qualquer bebida que uma pessoa desejasse; - o Caldeirão de Dyrnwch, o Gigante, que podia distinguir um homem corjaoso de um covarde: o caldeião se recusava a cozinhar carne para um covarde, mas cozinhava rapidamente se fosse para um homem de coragem; - o Casaco de Padarn Beisrudd, o “Casaco Vermelho” , que só cabia em um homem que fosse bem-nascido; do contrário, o casaco simplesmente não caberia; - o Manto de Tegau Eurfro, a “Bela do Seio-Dourado”. Esse manto maravilhoso vestiria muito bem a uma mulher virtuosa, pendendo graciosamente dos ombros até o chão; mas se uma mulher não virtuosa o vestisse, ele encolheria mais e mais, dependendo do caráter da mulher; - o Jogo de Tabuleiro de Gwenddolau, Filho de Ceidio. Um tabuleiro feito de ouro com peças em prata e cujas peças podiam se mover sozinhas uma vez iniciado o jogo; - o Cesto de Gwyddno Garanhir “Canela-Longa”, que multiplica o alimento de uma pessoa colocado dentro dele de modo que cem possam se alimentar dele; - o Carro (Biga) de Morgan Mwynfawr, que transportava uma pessoa para qualquer lugar que ela desejasse; - a Pedra de Afiar de Tudwal Tudglyd, que podia afiar perfeitamente a espada de um homem corajoso; e quem a espada ferisse não sobreviveria. Por ouro lado, a pedra cegava a espada de um homem covarde; - o Cabresto de Clydno Eiddyn, que ficava preso à cama de Clydno Eiddy e trazia-lhe qualquer cavalo com o qual ele sonhasse à noite; - a Faca de Llawfrodedd Farchog, o Cavaleiro, que podia cortar carne suficiente para servir duas dúzias de homens de uma só vez; - o Prato de Rhygenydd Ysgolhaig, o Clérico, que provê qualquer alimento que alguém desejar; - o Anel de Eluned, que torna invisível quem o usa. Reza a tradição que a condessa Eluned presenteou o herói Owain up Urien com ele.

Fazendo um talismã

Quais objetos podem ser transformados em talismãs ou instrumentos mágicos? Praticamente todos – preferencialmente aqueles de uso cotidiano ou profissional do possuidor. Qual a finalidade de um talismã? Na mitologia celta, objetos mágicos servem a seus donos, trazendo-lhes mais facilidades, conforto e bem-estar. Portanto, um objeto pode ser transformado em um talismã – “carregado” com energia mágica – para servir a um propósito de melhoria na qualidade de vida. E como isso pode ser feito? Tanto na história quanto na mitologia celta encontramos exemplos de objetos que se tornaram mágicos por meio de algum tipo de encantamento ou ação mágica de um druida ou divindade: - Circumambulância – um costume celta de caminhar ou se mover ao redor de algo três vezes no sentido horário (sentido do sol) e, dessa forma, atrair a energia mágica solar. O herói gaulês Vercingentorix cavalgou ao redor de Júlio César três vezes em sentido horário antes de render-se e depor suas armas; pescadores irlandeses e britânicos remavam com seus barcos três vezes ao redor de um rochedo para garantir boa sorte na pescaria e na jornada no mar. - Mergulhar um objeto em água sagrada (rio, lago ou fonte) – “Água corrente é uma coisa sagrada” (velho ditado de Somerset, Inglaterra). Um bom exemplo é a prática remanescente na Bretanha e na Irlanda de se mergulhar um pedaço de pano em um poço considerado sagrado e depois pendurá-lo em uma árvore sobre ou próxima ao poço, de modo a se obter a cura de uma doença por meio daquele objeto de pano. Esse poços são chamados de clootie wells – derivado de cloth, “pano”- e têm sido locais de peregrinação desde os tempos druídicos. - Mergulhar ou banhar um objeto em uma poção sagrada, preparada com ervas relacionadas ao objetivo a ser alcançado (prosperidade, vitória, amor, saúde, etc. Além de todos esses métodos, a forma já bem popularizada (por sites, livros e palestras) de se submeter um objeto à energia dos 4 elementos pode se inspirar na cultura celta. Nas lendas arturianas, a espada que revelaria o verdadeiro rei da Bretanha deveria ser retirada de uma pedra, de uma bigorna ou, em algumas lendas, de uma bainha mágica, elementos associados ao elemento terra e, conseqüentemente, à realeza e soberania. Também era um costume celta fazer o gado passar entre as fogueiras de Beltane para abençoar o trabalho desses animais. A magia celta de nós em uma corda para garantir o favorecimento dos ventos para os pescadores e seu retorno seguro à aldeia é um exemplo da consagração de um objeto mágico pelo elemento ar.

Objetos de Poder: Talismãs e Instrumentos Mágicos no Druidismo e na Cultura Celta

Cálices, caldeirões, espadas, lanças, varinhas, cajados, jóias, mantos, pedras... Os objetos sagrados da mitologia celta são muitos e seu poder, inesgotável. Objetos capazes de garantir a proteção, a abundância ou a sabedoria para quem os possuísse. Objetos encantados por Druidas, abençoados por Deuses e destinados a heróis. Alguns dos mais famosos objetos mágicos da tradição celta são os 4 Tesouros da Irlanda e os Tesouros da Ilha da Bretanha. Os Quatro Tesouros da Irlanda eram objetos mágicos que foram trazidos para a Irlanda pelos Deuses Tuatha Dé Danann - “a tribo de Dana”. De suas viagens às 4 cidades do norte da Europa aonde foram para aprender magia, os Tuatha Dé trouxeram: - Lia Fail ou Cloch na Fail (“Pedra do Destino”). Feita pelo druida Fessus e trazida da cidade de Falias, essa pedra gritava de alegria se um verdadeiro rei da Irlanda pusesse seus pés sobre ela. Também era capaz de rejuvenescer o rei; - a Espada de Nuada, forjada pelo druida Uscias na cidade de Findias. Uma vez desembainhada, a espada nunca errava o alvo, e a pessoa atingida não sobrevivia ao golpe; - a Lança de Lugh, obra do druida Esras, da cidade de Findias. Garantia a vitória a quem a possuísse, e não precisava sequer ser empunhada; com a aproximação de uma batalha, gritava para ser solta e então nunca errava o alvo, e nunca se cansava de matar; - o Caldeirão do Dagda, feito em Murias pelo druida Semias. Tinha o poder da fartura, e podia satisfazer o apetite de qualquer pessoa que fosse considerado digno. Também podia ressuscitar os mortos. Entre os Tesouros da ilha da Bretanha guardados por Merlin estão: - Dyrnwyn, ou “Punho-branco”, a Espada de Rydderch, o Generoso – quando empunhada por um homem nobre ou digno, a espada ardia do cabo até a ponta. - o Chifre de Beber de Bran do Norte, que podia servir qualquer bebida que uma pessoa desejasse; - o Caldeirão de Dyrnwch, o Gigante, que podia distinguir um homem corjaoso de um covarde: o caldeião se recusava a cozinhar carne para um covarde, mas cozinhava rapidamente se fosse para um homem de coragem; - o Casaco de Padarn Beisrudd, o “Casaco Vermelho” , que só cabia em um homem que fosse bem-nascido; do contrário, o casaco simplesmente não caberia; - o Manto de Tegau Eurfro, a “Bela do Seio-Dourado”. Esse manto maravilhoso vestiria muito bem a uma mulher virtuosa, pendendo graciosamente dos ombros até o chão; mas se uma mulher não virtuosa o vestisse, ele encolheria mais e mais, dependendo do caráter da mulher; - o Jogo de Tabuleiro de Gwenddolau, Filho de Ceidio. Um tabuleiro feito de ouro com peças em prata e cujas peças podiam se mover sozinhas uma vez iniciado o jogo; - o Cesto de Gwyddno Garanhir “Canela-Longa”, que multiplica o alimento de uma pessoa colocado dentro dele de modo que cem possam se alimentar dele; - o Carro (Biga) de Morgan Mwynfawr, que transportava uma pessoa para qualquer lugar que ela desejasse; - a Pedra de Afiar de Tudwal Tudglyd, que podia afiar perfeitamente a espada de um homem corajoso; e quem a espada ferisse não sobreviveria. Por ouro lado, a pedra cegava a espada de um homem covarde; - o Cabresto de Clydno Eiddyn que ficava preso à cama de Clydno Eiddy e trazia-lhe qualquer cavalo com o qual ele sonhasse à noite; - a Faca de Llawfrodedd Farchog, o Cavaleiro, que podia cortar carne suficiente para servir duas dúzias de homens de uma só vez; - o Prato de Rhygenydd Ysgolhaig, o Clérico, que provê qualquer alimento que alguém desejar; - o Anel de Eluned, que torna invisível quem o usa. Reza a tradição que a codndessa Eluned presenteou o herói Owain up Urien com ele. Quais objetos podem ser transformados em talismãs ou instrumentos mágicos? Praticamente todos – preferencialmente aqueles de uso cotidiano ou profissional do possuidor. Qual a finalidade de um talismã? Na mitologia celta, objetos mágicos servem a seus donos, trazendo-lhes mais facilidades, conforto e bem-estar. Portanto, um objeto pode ser transformado em um talismã – “carregado” com energia mágica – para servir a um propósito de melhoria na qualidade de vida. E como isso pode ser feito? Tanto na história quanto na mitologia celta encontramos exemplos de objetos que se tornaram mágicos por meio de algum tipo de encantamento ou ação mágica de um druida ou divindade: - Circumambulância – um costume celta de caminhar ou se mover ao redor de algo três vezes no sentido horário (sentido do sol) e, dessa forma, atrair a energia mágica solar. O herói gaulês Vercingentorix cavalgou ao redor de Júlio César três vezes em sentido horário antes de render-se e depor suas armas; pescadores irlandeses e britânicos remavam com seus barcos três vezes ao redor de um rochedo para garantir boa sorte na pescaria e na jornada no mar. - Mergulhar um objeto em água sagrada (rio, lago ou fonte) – “Água corrente é uma coisa sagrada” (velho ditado de Somerset, Inglaterra). Um bom exemplo é a prática remanescente na Bretanha e na Irlanda de se mergulhar um pedaço de pano em um poço considerado sagrado e depois pendurá-lo em uma árvore sobre ou próxima ao poço, de modo a se obter a cura de uma doença por meio daquele objeto de pano. Esse poços são chamados de clootie wells – derivado de cloth, “pano”- e têm sido locais de peregrinação desde os tempos druídicos. - Mergulhar ou banhar um objeto em uma poção sagrada, preparada com ervas relacionadas ao objetivo a ser alcançado (prosperidade, vitória, amor, saúde, etc) Além de todos esses métodos, a forma já bem popularizada (por sites, livros e palestras) de se submeter um objeto à energia dos 4 elementos pode se inspirar na cultura celta. Nas lendas arturianas, a espada que revelaria o verdadeiro rei da Bretanha deveria ser retirada de uma pedra, de uma bigorna ou, em algumas lendas, de uma bainha mágica, elementos associados ao elemento terra e, conseqüentemente, à realeza e soberania. Também era um costume celta fazer o gado passar entre as fogueiras de Beltane para abençoar o trabalho desses animais. A magia celta de nós em uma corda para garantir o favorecimento dos ventos para os pescadores e seu retorno seguro à aldeia é um exemplo da consagração de um objeto mágico pelo elemento ar.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A visão céltica do pós-morte

Quando eu estava começando no Druidismo, eu costumava ler informações de textos de ordens neodruídicas modernas européias e norteamericanas, e sempre ouvia falar de termos como Abred, Ceugant, Gwynfyd, Cythraul e Droug como círculos de existência ou reecarnação.

Eu costumava passar horas tentando compreender essa doutrina a partir da leitura de As Tradições Celtas , do Robert Ambelain. Confesso que achava tudo muito abstrato, embora muito bonito, enquanto reflexão filosófica. À medida que fui conhecendo melhor a cultura celta e compreendendo o Druidismo antigo, percebi que essa reflexão sobre os círculos de renascimento e evolução eram estranhos à cultura celta e ao Druidismo. Particularmente, a idéia de “evolução espiritual” não parece encontrar indícios dentro da cultura celta.

Por isso, abandonei as Tríades da Bretanha como fonte de entendimento da doutrina druídica antiga. (Guardei apenas algumas que soam bastante antigas, como a 22 ou 82).

E passei a procurar a visão céltica do pós-morte dentro da própria cultura celta. Por exemplo, atualmente eu utilizo como fonte de reflexão a história mitológica de Cerridwen e Gwion Bach / Taliesin para entender o renascimento ou reencarnação.

Após tomar por acidente uma poção mágica que estava reservada para o filho de Cerridwen, Gwion Bach é perseguido e engolido por Cerridwen, que fica grávida. Ele renasce com a sabedoria que havia adquirido quando ingeriu a poção. Na minha opinião, isso quer dizer que, para a cultura celta, o conhecimento adquirido em uma vida é aproveitado em outra vida.

Gwion Bach conta para o príncipe que o resgatou das águas o que havia lhe acontecido. Então, podemos supor que os celtas acreditavam que podemos ter lembranças de uma vida anterior...

Depois que Gwion Bach renasceu, Cerridwen não teve coragem de matá-lo, apenas livrou-se dele. Ela não mais o perseguiu e ele não foi atrás dela pedir desculpas pelo incidente da vida passada. Ele foi viver sua nova vida, chamando-se então Taliesin. Na minha opinião, isso mostra que na cultura celta não havia a idéia de karma, resgate de pecados passados, etc. Quando a gente renasce, começa outra vida, com outras circunstâncias, sem nenhuma dívida espiritual pré-fixada...

Gwion Bach renasceu Taliesin aqui, neste mundo, nesta dimensão. Então eu penso que os celtas não tinham a idéia de outros círculos de renascimento como caminho de evolução espiritual. A mitologia celta está cheia de descrições de outros mundos além do nosso, mas são mundos feéricos, ou seja, são mundos ou terras de fadas, e que coexistem com o nosso. Muitos heróis e personagens mitológicos visitaram esses outros mundos feéricos em vida, ou seja, esses mundos de fadas não são os círculos de evolução das (modernas) Tríades da Bretanha...

Os relatos gregos e romanos também pode nos dar algumas pistas de como os celtas viam a questão do renascimento ou reencarnação.

“O ensinamento principal dos Druidas é que a alma não perece, mas, depois da morte, passa de um corpo para outro.” (Júlio César, Da Guerra na Gália)

Júlio César também relatou que os antigos bretões não comiam carne de grou (ave aquática) por medo de que ele pudesse ter sido humano em uma vida anterior. Então, de acordo com a crença celta, nós, humanos podemos reencarnar / renascer como animais...

terça-feira, 24 de maio de 2011

Arawn, Príncipe de Annwn



Originalmente, Arawn era o príncipe feérico do reino de Annwn, no Outro Mundo celta, Arawn era um deus caçador, solar e relacionado à prosperidade e à fertilidade. Seu nome pode ter se originado das formas proto-célticas ar-yo- ou aratro- (arar, lavrar) e * arawen- (grão, cereal). Era o deus que saía em sua "Caçada Selvagem" na noite de Calan Gaeaf (correspondente, no País de Gales, ao Samhain). Arawn recompensou generosamente a ajuda de seu leal amigo humano Pwyll, conforme a lenda relatada no primeiro ramo (=conto) do Mabinogi, a mitologia galesa. Arawn também era um deus psicopompo, ou seja, ele conduzia as almas perdidas na noite de Calan Gaeaf / Samhain de volta para o Outro Mundo.

A difamação do deus: Com a perseguição cristã ao culto das fadas, "estudos" realizados pela Igreja decidiram que as fadas eram "seres do Demônio", que roubavam bebês humanos para entregar ao "Senhor dos Infernos" como tributo. Arawn foi identificado como "Príncipe Infernal", e seu reino, com o Inferno. Isso também contribuiu para a imagem do Samhain / Calan Gaeaf / etc como uma noite "diabólica", maligna.